Hipocrisia Humana

00:32 Unknown 1 Comments


"O que realmente sabemos sobre a vida? É complicado. Viver. Ah como seria afável se fosse fácil. Dividimos o mesmo espaço com bilhões de outros seres humanos. Seria este espaço diminuto demais? Ou seria demasiado extenso, deixando o homem a indagar-se sobre o que fazer? Das duas a primeira, com toda certeza. A ganância humana torna os mais infindáveis espaços em claustrofóbicos cubículos.

Como entender o ser humano? Um ser sem consciência sobre o meio ambiente que vem sendo destruído. Autoridades que agem com descaso e a impunidade, campos que são devastados e rios poluídos. Deveríamos ser punidos, pela própria natureza. Toda exploração natural, toda impunidade humana, tudo por uma única razão: poder. 

 O homem? Ah, esse sempre sabe o que fazer, ou melhor, pensa que sabe. Ser humano. Somos realmente dignos de tal título? Aquilo que é real e se opõe ao nada. Ser. Todos somos seres apenas por existir; meramente por ocupar espaço no inócuo universo que nos cerca. Por que o chamado ser humano se julga tão superior a outros seres sendo que todos tão somente coabitamos? Teria a palavra “humano” uma concepção tirânica? 

Bondoso e compassivo é o que caracteriza um ser como sendo humano. Não é apenas uma visão a partir do senso comum, é também sua real etimologia. Quanta hipocrisia. 

 Somos a espécie mais louca – ou excêntrica, de acordo com os mais abastados humanos. Tratamos a natureza com desdém, como se a cada dia que passa desafiássemos sua majestosa grandiosidade. Uma fonte inesgotável de capital, vulgo dinheiro. Inesgotável até que a ultima árvore caia e suas folhas sequem; inesgotável até o ultimo suspiro animal sedento por vida. A vida. Tão cruel e contraditória. Somos ilógicos, bipolares e hipócritas animais. Semeamos não mais apenas frutos e folhas, mas também outros seres. Quanta hipocrisia. 

 Animais são cultivados – menos os piores, é claro – com a única e exclusiva finalidade de satisfazer nossos desejos carnais. Me recuso a crer que estamos aqui para isso. Por que insistimos em subjugar suas almas e corpos em benefícios egoístas e pré-históricos? Me recuso a acreditar que a dádiva da vida se resuma a isso. Não apenas subjugamos espécies menos inteligente, como fazemos também com nossa própria. Estupros, mortes, massacres e violência. Onde está o bondoso e compassivo ser?

Ao mesmo tempo em que com uma mão damos garfadas em pedaços de animais – marcados pelo medo e sofrimento -, afagamos cães com a outra. Somos homens. Homens ilógicos e inconscientes.

Me recuso, à crer que estamos aqui para isso. Quando perceberemos o mal que fizemos? Quando o ultimo rio secar; quando a ultima tempestade secar; quando o ultimo terreno se tornar infértil, perceberemos que toda a ganância não suprida do homem se transformará em dor e arrependimento. Haverá guerras também. Guerras pelo que um dia foi subjugado e explorado. O mais precioso minério será barato comparado ao valor que terá a água. Um bem que um dia fora consumido como se fosse infinito. Coitado do homem. Quanta hipocrisia.

Ainda há tempo. Todos os dias temos o privilegio de abrir a torneira e sentir o liquido da vida por entre nossos dedos. Hábitos pequenos e rotineiros, que deveriam serem feitos desde os mais remotos tempos. Desde a mais abundante chuva até a mais fina garoa. A crise hídrica é real, precisamos abrir nossos olhos. Precisamos andar de mãos dadas com o meio ambiente que ainda nos resta. 

Nunca o homem inventará nada mais simples e grandioso como a natureza. Ser inconsequente, o homem. Seria a natureza um grande livro, no qual suas folhas são as letras, os frutos são as imagens e as árvores as palavras? O mundo tornou-se perigoso, inclusive para o próprio homem. 

 Impiedosos, egoístas e alienados. Não somos humanos. Não merecemos essa palavra. Somos seres, sim. Seres que se tornaram desumanos. Como já disseminado pelo dito popular, “o pior cego é aquele que não quer ver”. Portanto, é indiscutível que precisamos tomar coragem e enfrentar os obstáculos à frente, pois sentar-se com os braços cruzados não resolverá de modo algum esses problemas mundanos." - Theodore Spurling

1 COMENTÁRIOS: